Sábado, manhã gelada em São Paulo e a preguiça ali, me pedindo pra ficar com ela. Fiquei um pouco, confesso. Pouco depois da 1 da tarde saí pra almoçar... Andei um pouco pela avenida Paulista observando os arranhásseis de cimento. Engraçado, como aos sábados, São Paulo lembra-me o interior e os prédios perdem sua força. Olhando pro alto, até o céu fica de interior... mas, ao menos por agora, deixemos essas bobas nostalgias de início de inverno.
Resolvi parar no Prainha, um restarante/choperia simpático, numa das travessas da Paulista. Sentei-me ao lado de outro solitário. O senhor, de pele escura de sol, ar acolhedor e sorriso no canto dos olhos, cumprimentou-me. Pareceu-me familiar. Aquele óculos suspenso na testa ... parecia...seu Nélio, o pai de Ronaldo. Sim, ele mesmo, o fenômeno.
- O senhor é o pai do Ronaldo? atrevi
- Sou, sou...- monassilabou com o canto da boca.
Numa das mãos um cigarro – Holywwod – é bom registrar. E na outra um copo de whisky. No início – e somente no início, fiquei em dúvida se deveria me aproximar mais, falar do Ronaldo, Corinthians....ou qualquer outra petulância descabida naquele momento. Fiquei quieto.Passou um rapaz na calçada e disse: “Sr. Nélio – sou fã do filho do senhor, hein...” nada que esse homem, de jeitão comum, não deva ter ouvido 1 zilhão de vezes...
Depois veio o garçom-chefe e estacionou ali. - “O Ronaldo vai pra Copa, o senhor vai ver”; - “Queria o Ronaldo no Guarani, sou de Campinas”, - “O Ronaldo jogou muito contra o Inter, fez um golaço..” enfim, bajulou toda a série de ronaldices que você, leitor, pode imaginar.
Pra minha surpresa, o seu Nélio entrou na conversa. Respondia ao garçom com tranqüilidade. Monossilabava, é verdade. Mas o olhar era de quem estava na conversa. E convidava-me à
tertúlia.
Mais um copo de whisky “O Dunga vivia grudado no Ricardo Teixeira, na Copa da França, em 2006. Ninguém me falou. Eu vi..eu estava lá....”. “O Mano é gente boa, parece bravo só na televisão.” “Onde já se viu o São Paulo mandar o Muricy embora”... Era seu Nélio – torcedor comum - opinando...“você é jornalista, deve saber melhor que eu”. Tudo o que sei é que nada sei. Sócrates, o filósofo acertara em cheio na Antiga Grécia. A essa altura, eu via chop e ele, com o inseparável whisky e cigarro holiwwod, já conversávamos na mesma freqüência.
Comecei a entender a simplicidade do Ronaldo. Não havia, nas palavras dele, nenhum tom de “pai do Ronaldo”. Perguntei a ele se estava no restaurante pelo nome: “Prainha”, pelo visual parecido com o do Rio de Janeiro. Ele falou que gostava sim do visual, mas havia parado ali por acaso, o mesmo acaso que me fez encontrá-lo. “Caminhei duas horas...do hotel até aqui, caminho todos os dias, faz bem, né? Faz sim, seu Nélio, faz bem ver como a vida é simples.
Não, não tirei nenhuma fotografia. Achei que seria gratuito. A imagética do texto é mais nítida, nesse caso. Teve uma frase que eu disse no meio da conversa, seu Nélio riu, levou na boa, mas foi inevitável. Acho que dá pra fechar a crônica com ela:
“ Se não fosse a porra do senhor, hein seu Nélio!”
Dança dos técnicos
Minha opinião é simples: São Paulo errou ao mandar o “comprometido” Muricy Ramalho embora. Identidade não se cria da noite para o dia.
Palmeiras acertou (demoradamente) ao se despedir de Vanderlei Luxemburgo. Só acho que o “estrategista” acabou montando sua saída. Ele sabia que Keirrison iria embora e , praticamente, “se despediu”.
Estou indo agora fazer Palmeiras x Santos. Espero, honestamente, que a campanha que boa parte da imprensa faz contra o Vagner Mancini, não seja motivo para o presidente do Santos, o amigo de Vanderlei Luxemburgo, Marcelo Teixeira, fazer a troca de técnicos. Mas acho difícil. Se Mancini perder, cai.
Pra dar o que falar
Há uma semana