segunda-feira, 18 de julho de 2011

Pequenas considerações sobre jornalismo e seleção brasileira

O jornalismo esportivo no Brasil passa por um processo de espetacularização sem precedentes. Confunde-se o ‘espetáculo esporte’ com a informação/análise sobre ele.

O desvio metonímico da parte (mídia) pelo todo (esporte, em especial o futebol) é exacerbado nos programas de tv – principalmente os de tv aberta. Aprisionados pela guerra da audiência, os noticiários de esporte deram lugar a programas de entretenimento.

Cortes de cabelo, cores de chuteira e um conteúdo em que tudo - exceto a informação - importam, ganham cada vez mais espaço na tela. Por outro lado, os formatos não lineares de edição confundem ainda mais este ‘novo telespectador’, que já nasceu na internet e usa a tv como complemento de seu conteúdo imagético. Quanto mais sensação, melhor. Quanto mais confusão, melhor.

Os novos ângulos de câmera, a linguagem informal e o bom humor não são um pecado. Aliás, nunca foram. Não são poucos os exemplos do passado que abusaram destes recursos. O problema é a falta de informação atual. Melhor dizendo, a substituição da informação pelo simples “entreter”.

É bem verdade que a crônica, enquanto gênero literário, nasce para entreter. Inaugurada na França pelo jornalista Jean Louis Geoffroy, em 1800 no Journal dês Débats, ela tinha a função de passar em revista os fatos da semana e entreter o leitor e conceder-lhe uma pausa para o descanso.

Mas será que não evoluímos de 1800 pra cá? Fico preocupado com a garotada que escolhe prestar jornalismo no vestibular e acha que jornalismo é isso. Ou apenas isso.

Ao lado da preocupação acadêmica, incomoda-me o lado torcedor da Seleção Brasileira de Futebol. Assim como setores midiáticos esquecem o principal – a notícia- a seleção de Mano Menezes esquece o futebol. Tudo é mais importante: o patrocínio, o cabelo, o assédio dos times europeus, a entrevista depois do jogo... Menos aquilo que é feito durante os 90 minutos.

Fico pensando que esta falta de comprometimento dos jogadores com a Camisa é que provocou o divórcio entre o torcedor e a seleção. Não vi ninguém chorando indignado pela derrota na Copa América. Talvez, ao invés de chorar, estejamos todos – a exemplo do presidente da CBF, ‘cagando’ para tudo isto.

Estamos a menos de três anos da Copa do Mundo no Brasil. O relógio corre pra imprensa, torcida, cartolas e jogadores. Mas a principal questão não é de velocidade. É de postura. Dentro e fora de campo.



Rodrigo Viana é jornalista esportivo da Tv Brasil e professor de pós-graduação em Jornalismo Esportivo na FMU

6 comentários:

Nanci disse...

Parabéns, Rodrigo. Você faz uma verdadeira radiografia do Jornalismo Esportivo que vive, atualmente, uma completa inversão de valores. E faz isso de maneira clara, concisa e com emoção na dose certa. Belo texto!
Beijo.

Paula disse...

Oi Rodrigo.. concordo com vc que a TV está fazendo um espetáculos as coisas extras do futebol, que não seja o futebol propriamente dito o jogado. Mas acredito que ninguém chorou de tanta decepção. Decepção essa de ter pedido alguns jogadores presentes na seleção que não fizeram nada... quer dizer fizeram sim... entraram na seleção para se auto-promover, no qual o tiro pode ter saido pela culatra, devido a mal atuação dos mesmos.

bjs
Paula

GET 1 Blog disse...

Ótimo comentário Rodrigo. Que sirva de reflexão aos profissionais e seja debatibo nos meios acadêmicos. Nego sai da faculdade e acha que o jornalismo esportivo é assim. A comemoração é mais importante que o gol ou a vitória do time. Parabéns!

Domingos disse...

Prezado Rodrigo

Primeiro o titulo não está correto, são GRANDES as suas considerações.

Segundo não sou contra a mídia, afinal sou filho, irmão, pai e sogro de jornalistas e resido na rua dos jornalistas, mas a mídia de fato está vivendo um momento desfavorável, claro que temos ótimo jornalistas/radialistas, mas uma boa parcela deixa a desejar, narram o jogo muito mal, não conhecem a história do futebol, não conhecem a regra do jogo, "atacam/criticam" jogadores de forma impropria e fazem perguntas de doer, como p. exemplo perguntar a um técnico que acaba de perder um jogo, se vai ter seu contrato rescindido...o "cara"(técnico) precisa ter um controle emocional, para participar destas tais entrevista coletivas que não tem tamanho. Ficam "sugerindo" que o técnico vai ser mandado embora e quando o clube manda, a Direção do clube recebe criticas por não dar tempo ao técnico (claro que temos exceções, como p. ex. a forma como o Falcão foi, para um usar o termo bom, "de fenestrado")
Não vou me alongar mais.
Parabéns pelo texto.

Grande abraço

Domingos D'Angelo

Mary disse...

Olá Rodrigo...Vi seu blog através do blog "Almanaque da cronica".. Abraços

Anônimo disse...

EU NÃO GOSTEI DESSA ARBITRAGEM A VITÓRIA SOBRE O PALMEIRAS B EM ARARAQUARA POR 3 A 2 E A NOTA PRA ARBITRAGEM FOI ZEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEERO !!!!!!!!!! JOBINHO VOLTA DE SUSPENSÃO CONTRA A PENAPOLENSE EU GOSTEI POR TER FICADO DE CASTIGO

BEIJO E TCHAU
BOM DIA